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Mostrando postagens de outubro, 2015

Dos castelos de pedra às mansões de vidro: a trajetória do vampiro nas literaturas de língua inglesa

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PHOENIX, ESTADO DO ARIZONA - É uma noite de junho. Uma dona de casa norte-americana (mãe de três filhos e formada em literatura inglesa) dorme.   No meio da madrugada, ela acorda. Teve um sonho. Vívido demais. Perturbador. Um jovem – belíssimo e brilhante - conversa com uma garota no meio de uma floresta úmida. Na manhã seguinte, Stephenie Meyer levantou-se e escreveu a sequência que a perturbou na noite passada. Três meses depois, tinha terminado seu primeiro romance,  Crepúsculo . Além de vender oitenta milhões de exemplares em todo o mundo e ser considerado um  best-seller , o livro é um reflexo do novo estereótipo assumido pelos vampiros modernos. Antes dos impecáveis cabelos louros, do corpo musculoso e dos sentimentos quase humanos, definidos por Meyer, a figura do vampiro era – extremamente - macabra e assustadora. Um retrocesso na história da literatura universal torna nítida essa percepção. Seguir esse percurso ajudará a compreender o processo de humanização da imagem do

A representação do sagrado feminino na canção "Ave Maria", de Schubert

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Se percorremos as galerias que abrigam os livros voltados ao estudo da música erudita em grande parte das bibliotecas, pouca coisa encontraremos sobre a composição  Ave Maria , de Schubert. Esse fenômeno é um infeliz paradoxo. A  Ave Maria  é executada mundialmente há anos; no entanto, não existem obras destinadas ao estudo dessa belíssima canção. Aliás, durante toda a sua vida, Schubert não foi amplamente reconhecido. A divulgação de sua obra ocorreu posteriormente por meio de Schumann – outro compositor fantástico.  Detalhe de  Anunciação , de Leonardo Da Vinci: o pintor retratou o momento em que Maria é saudada pelo anjo Gabriel - exatamente como na canção de Schubert A produção musical de Schubert está envolta pela atmosfera mística, pelos temas religiosos e pelas figuras femininas. E quem  poderia assumir essas três características senão a figura mais fascinante do cristianismo, depois de Jesus, é claro?! A composição de Schubert faz uma releitura de uma antiga – e c