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Mostrando postagens de agosto, 2017

A força dos mitos: a riqueza simbólica da atual novela das 9 h da Rede Globo

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A Sereia , de Waterhouse. A inspiração para o personagem  Ritinha veio de um mito milenar. Hábil profetisa, Glória Perez, ao escrever a sinopse de A Força do Querer , atual trama das 21 h, certamente previu o fascínio que sua história exerceria sobre os telespectadores. E, não por acaso, inseriu na narrativa o símbolo máximo da sedução – a sereia. O personagem de Ísis Valverde, contudo, é apenas uma das muitas figuras mitológicas/simbólicas/literárias/arquetípicas/atraentes da novela do horário nobre. Moradora da fictícia Parazinho e filha de outro personagem lendário – o boto –, Ritinha cresce nadando em meio aos peixes e outras criaturas aquáticas. Por isso, a garota desenvolve uma relação mágica com a água, acreditando que é do rio que vem a sua força. Representante legítima de sua espécie, a filha de Edinalva (Zezé Polessa) enreda Zeca (Marco Pigossi) em seus encantos, mas vai viver, no Rio de Janeiro, com Ruy (Fiuk) – ambos também ligados por uma profecia mágica envolv

O velho, o mar e um mergulho na alma humana

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A releitura de um clássico é sempre um exercício de imersão – principalmente quando essa obra tem como cenário o mar. E é desse mergulho que acabo de retornar. O texto de Ernest Hemingway me arrastou mais uma vez (como uma correnteza furiosa). Nessa nova viagem, o ganhador do Prêmio Nobel de 1954 me fez refletir sobre todas as metáforas contidas em seu texto. Alusões que fazem com que O Velho e o Mar seja um agradável repositório de símbolos sobre a alma humana. Ilustração do livro O Velho e o Mar feita por Raymond Sheppard.  A luta do personagem contra o espadarte é ambígua e cheia de significados. Embora reconheça o valor dessa obra, acredito que não poderia compreendê-la sem antes ter singrado outras águas. Não sou marinheiro de primeira viagem. Já naveguei muito por um gigantesco mar de histórias marítimas. Meu primeiro comandante foi o escocês Robert Louis Stevenson. Nas páginas de A ilha do tesouro , aos 9 anos de idade, conheci os perigos e as riquezas do oceano.

“The Scientist”, de Coldplay, e os amores que ultrapassam a morte

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A madrugada já vai alta. Da janela do quarto, posso ver uma lua sonolenta e sempre encantadora. E é sob esse símbolo milenar dos apaixonados que este texto tem o seu limiar. Também sobre amantes – e igualmente encantadora – é a canção que ressoa e embala o autor destas linhas: The Scientist , da banda de rock alternativo Coldplay. Embora esteja predominantemente imersa numa temática abordada corriqueiramente pela música – o amor –, a letra, concebida pelo grupo norte-americano, alude à outra situação recorrente nas produções artísticas: a separação dos amantes pela morte de um deles.  Segundo volume da Trilogia das Sombras. Abbey, a protagonista, também vive um amor fantasmagórico. Esse mote, que já foi explorado por Shakespeare ( Romeu e Julieta , inspirado numa lenda ainda mais antiga, Píramo e Tisbe ), pelo português Camilo Castelo Branco ( Amor de Perdição ) e por Emily Brontë ( O Morro dos Ventos Uivantes ), ganha ares ainda mais místicos e sombrios em The Scientist