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Mostrando postagens de fevereiro, 2016

Malditas pinceladas: retratos como símbolos da morte na literatura

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O que você faria se fosse jovem para sempre? Como viveria?  Quais seriam seus valores? São questões como essas, que norteiam o enredo de O Retrato de Dorian Gray – romance do irlandês Oscar Wilde. O protagonista, Dorian, um pianista talentoso, tem o seu rosto eternizado num retrato pintado por seu amigo – e grande admirador – Basil Hallward. Ao receber a pintura, o rapaz fica fascinado e faz um pacto com o destino: ao invés de seu corpo sofrer as marcas do tempo, o retrato é que será  atingido . "Eu irei ficando velho, feio, horrível. Mas este retrato se conservará eternamente jovem. Nele, nunca serei mais idoso do que neste dia de junho... Se fosse o contrário! Se eu pudesse ser sempre moço, se o quadro envelhecesse!... Por isso, por esse milagre eu daria tudo! Sim, não há no mundo o que eu não estivesse pronto a dar em troca. Daria até a alma!"                                                                 - Dorian Gray Influenciado por Lord Henry – representant

A eterna e fascinante criatura de Mary Shelley: Frankenstein, um monstro profundamente humano

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Máscaras representando o personagem  Frankenstein são as preferidas nas lojas de fantasias. BRASIL, 31 de outubro de 2015 - Uma luz trêmula é a única claridade que ilumina o ambiente soturno. A música que envolve o local é um misto de rock pesado com vocais fantasmagóricos e líricos. Espalhadas por todas as partes, com velas em seus interiores, estão abóboras – que reproduzem um sorriso macabro. Os jovens que chegam àquele ambiente estão vestidos conforme a atmosfera do lugar – usam fantasias de vampiros, bruxas e duendes. Entre eles, um rapaz vestido como um monstro verde, com parafusos e cicatrizes atravessando todo o corpo, chama a atenção. Diante de uma fogueira, o conhecido poeta inglês Jorge Gordon Byron lê histórias sobre fantasmas para vários intelectuais. Byron, num impulso, levanta-se e lança o seguinte desafio: “E se cada um de nós escrevesse uma história de terror?”. Meses depois, apenas uma jovem de 19 anos cumpre o combinado. Talento visionário: com apenas 19

As muitas pessoas do poeta Fernando: a incrível arte de criar heterônimos

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Costa Pinheiro,    Fernando Pessoa - Heterônimo , 1978, óleo sobre tela. Pessoa se desdobrava em várias personalidades - como a projeção de sua sombra na imagem acima. Fernando Pessoa – considerado pela grande crítica como o maior poeta luso depois de Camões – tinha como característica predominante a criação de heterônimos. Um  heterônimo não é um pseudônimo; é alguém que existe além de nós. Um ser que tem vida própria, que tem ideologia e estilo próprios. Um heterônimo não é apenas um nome fictício utilizado para assinar publicações. É uma vida além da sua. Aliás, o vocábulo heterônimo passou a ser largamente utilizado depois de 1914 – quando Pessoa criou seus primeiros personagens. Segundo alguns estudiosos, Pessoa possuía mais de setenta heterônimos. Porém, os mais conhecidos são Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis. Alberto Caeiro é rude, simples e humilde. Álvaro de Campos é sensacionalista, entusiástico e moderno. Ricardo Reis é clássico, conciso e abstrato.