A representação do sagrado feminino na canção "Ave Maria", de Schubert
Se percorremos as galerias que abrigam os livros voltados ao estudo da música erudita em grande parte das bibliotecas, pouca coisa encontraremos sobre a composição Ave Maria, de Schubert. Esse fenômeno é um infeliz paradoxo. A Ave Maria é executada mundialmente há anos; no entanto, não existem obras destinadas ao estudo dessa belíssima canção. Aliás, durante toda a sua vida, Schubert não foi amplamente reconhecido. A divulgação de sua obra ocorreu posteriormente por meio de Schumann – outro compositor fantástico.
Detalhe de Anunciação, de Leonardo Da Vinci: o pintor retratou o momento em que Maria é saudada pelo anjo Gabriel - exatamente como na canção de Schubert |
A produção musical de Schubert está envolta pela atmosfera mística, pelos temas religiosos e pelas figuras femininas. E quem poderia assumir essas três características senão a figura mais fascinante do cristianismo, depois de Jesus, é claro?!
A Sacerdotisa, no Tarô de Rider White. Um dos muitos símbolos do sagrado feminino, e símbolo do lado introspectivo de Maria |
Além do aspecto maternal, Maria carrega um lado introspectivo, oculto, iniciático. Esse lado, que Schubert consegue captar de forma sutil, faz com que a canção seduza profundamente cristãos e não-cristãos. A letra, escrita em latim, transborda espiritualidade. Sonda os recantos mais obscuros da alma. É ecumênica. É fascinante. É imortal.
O feminino no sagrado precisa ser mais estudado. Muito obrigada pelo texto de grande sensibilidade!
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