"A bruxa de abril", uma leitura agradável também para o fim de outubro
Bola de cristal , de Waterhouse. Como as figuras desse artista, Cecy é leve, etérea e encantadora. Gosto de bruxas. Sempre gostei. Sem elas, as histórias perderiam a graça e a magia que até hoje nos encantam. Nos filmes, nos desenhos animados e nas ilustrações dos livros, a bruxa é uma figura que me arrebata sobremaneira. Geralmente marginalizada, má e feia, essa personagem arquetípica sucumbe no purgatório das criaturas malditas imortalizadas pela literatura. Inclusive, por meio dessa arte, conheci muitas bruxas na infância. Todavia, a mais bela delas (sim, bruxas são lindas) cruzou o meu caminho na adolescência – Cecy, uma criação de Ray Bradbury. Com o poder de se mover entre os corpos dos seres vivos, a bruxa de abril se entrega a primaveras, ventos e chuvas. Pode enxergar pelos olhos de um felino ou de um sapo. Pode viver numa gota d’água ou ocupar uma alma que não é sua. Contudo, Cecy tem um desejo maior – quer amar e ser amada. É por isso que ela invade o corpo