Arte e lágrimas: a tristeza como sentimento motivador dos grandes gênios
O
Ultrarromantismo emergiu da melancolia que envolvia os poetas precoces do
fértil século XIX. Não é à toa que a produção literária desse período ficou
conhecida como “poesia mal do século”. Morbidez, depressão e a morte como a
fuga dos problemas da vida são palavras-chave desse movimento artístico.
Os sentimentos expostos nas páginas de Os sofrimentos do jovem
Werther, por exemplo, levaram muitos jovens que leram a obra de Goethe ao
suicídio.
Mas
a tristeza como o carro chefe das composições artísticas transcende os versos
eternizados pelos adeptos da segunda geração romântica. A melancolia inspirou numerosas criações ao longo dos séculos - criações que vão além da literatura.
Álvares de Azevedo,
o representante máximo da segunda
geração romântica no Brasil.
Fonte: Biblioteca de São Paulo.
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Beethoven,
um dos maiores gênios da música, era atormentado pela depressão: além da
surdez, o erudito nutria paixões impossíveis. Nietzsche morreu num sanatório e
teve várias crises de depressão e loucura durante a vida. Van Gogh representou
seu constante estado de espírito por meio de suas pinceladas sombrias. Ele morreu, inclusive, com um tiro no peito - que ele mesmo disparou.
Munch, o autor da angustiante tela O
grito, dizia que sua saúde mental – muito conturbada – era a catalisadora de
sua pintura. Santos Dumont sofria de bipolaridade e depressão profunda - foram esses
transtornos o levaram ao suicídio. Fernando Pessoa era deprimido e alcoólatra –
vide O livro do desassossego.
Renato
Russo cortou os pulsos e, segundo ele mesmo, o lançamento da canção Clarisse fez
com que a Legião Urbana temesse por uma onda de suicídios. Oscar Wilde passou o
fim dos seus dias em exílio, ali escreveu De Profundis - a
mais amarga apologia à dor escrita até hoje por um poeta. Emily Brontë,
nas páginas do seu soturno e fascinante Morro dos Ventos Uivantes, representou
as tristezas que passou em sua vida. No prefácio da primeira edição do livro,
Charlotte Brontë apresenta a personalidade impenetrável da irmã, afirmando que
apenas compreendendo essa personalidade é que os leitores poderiam mergulhar profundamente nas páginas de sua obra. Clarice Lispector transpôs para seus escritos os
momentos difíceis que enfrentou durante a vida - como a esquizofrenia do filho e
as dificuldades financeiras.
Nossa
lista poderia ser ainda mais extensa. Há muitos escritores, pintores e músicos que viveram nesse contexto de depressão profunda. Não há dúvidas:
arte e melancolia caminham juntas. Eis uma verdade. Estar triste é imergir no
mais profundo de nossa subjetividade. É dessa imersão que surgem as obras mais
fascinantes. A tristeza traz reclusão, inspiração e poesia. Estar triste é, portanto, estar no caminho da genialidade.
Por que eu apaixonei por esse blog? Porque ele é lindo e sensível!!!
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