O amor que não ousa dizer seu nome: as representações da homossexualidade na literatura universal
Dorian Gray (Ben Barnes) e
Basil Hallward (Ben Chaplin)
em cena do filme O Retrato de Dorian Gray (2009). A relação dos dois é marcada por uma tragédia. |
Diana e Calisto, de Rubens. A homossexualidade é recorrente na arte grega. |
Inclusive,
já na Grécia antiga – conhecida por aprovar relações sexuais entre pessoas do
mesmo sexo –, Platão concebeu O Banquete,
texto que, dentre outros temas, narra o surgimento dos andróginos. Segundo o
sábio grego, quando foram separados, por desígnio dos imortais, cada um desses seres passou
a buscar a sua metade perdida – que é alguém igual a si.
Marcilla (ou Carmilla) ataca uma jovem. Ilustração de D. H. Friston (1872). |
Na
moralista sociedade vitoriana, na Inglaterra, a homossexualidade era tachada
como crime. E é nesse contexto que surge O
Retrato de Dorian Gray, de Oscar Wilde. Tem-se, já nas primeiras páginas, a
demonstração do afeto que Basil sente por Dorian Gray. Ele visita concertos e
eventos só para admirar o jovem. Essa admiração e desejo são fundamentais para
a concepção do retrato que permeia toda a obra. A pintura é a personificação da
atração de Basil por Dorian. Esse sentimento entre os dois homens – que guarda
semelhanças com a vida do próprio Wilde – é chamado por ele de “o amor que não
ousa dizer seu nome”. Se essa relação homoerótica é sutil nas páginas do
romance, nas telas do cinema ela é explícita. Na adaptação de Oliver Parker (de
2009), o pintor e o jovem pianista declaram abertamente seus sentimentos. Mas a
relação entre os dois é voluptuosa, voraz, sanguinária.
Capa do álbum V, da Legião Urbana.
A faixa 7, Vento no litoral, é dedicada
a um rapaz estadunidense que foi
namorado do vocalista.
A homossexualidade também
está presente na arte brasileira.
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Aliás,
os vampiros estão sempre ligados ao erotismo. Nas obras da escritora inglesa
Anne Rice – em Entrevista com um vampiro,
por exemplo –, há sempre situações homoeróticas dissolvidas no enredo. Vide a
relação entre Louis e Lestat.
Com
maior ou menor constância, de forma voraz ou sensível, personagens homossexuais aparecem na literatura
universal. Aliás, a literatura é uma das artes que – de forma sutil e delicada –
mais propaga o amor entre iguais. O amor incompreendido. O amor transcendente. O amor que não ousa
dizer seu próprio nome.
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